Relâmpagos provavelmente estavam presentes durante o surgimento da vida na Terra, e podem mesmo ter participado na geração das moléculas que deram origem à vida. A cerca de três bilhões de anos atrás, a atmosfera da Terra era bem mais quente que atualmente e ainda continha uma grande quantidade de moléculas de diversos gases, tais como amônia, metano e hidrogênio. Nesta atmosfera, as tempestades provavelmente eram muito mais carregadas eletricamente do que as tempestades de hoje e, em consequência, havia relâmpagos em maior quantidade e com maior intensidade que os relâmpagos de hoje, em uma situação similar a que hoje existe em Júpiter.
Evidências indicam que os relâmpagos podem estar relacionados à formação dos primeiros compostos denominados aminoácidos, que teriam ocorrido nestes estágios iniciais da evolução da atmosfera terrestre. Tais aminoácidos, que teriam se formado a partir da quebra pelos relâmpagos de moléculas de amônia, metano, hidrogênio e vapor d'água, abundantes naqueles tempos, são estruturas básicas para a formação de todas as proteínas e indispensáveis a todas as formas de vida em nosso planeta. Experimentos em laboratório, utilizando descargas induzidas em uma mistura de amônia, metano, hidrogênio e vapor d'água, indicam que tal processo é, em princípio, possível, embora haja muitas incertezas em relação às condições durante os estágios iniciais da evolução da atmosfera terrestre.