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INPE e SOS Mata Atlântica lançam nova edição do Atlas dos Remanescentes Florestais

por INPE
Publicado: Dez 12, 2006
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São José dos Campos-SP, 12 de dezembro de 2006

Imagem INPE e SOS Mata Atlântica lançam nova edição do Atlas dos Remanescentes Florestais

A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) lançaram nesta terça-feira (12/12) os resultados da edição 2000/2005 do Atlas dos Remanescentes Florestais de Mata Atlântica, o mais completo estudo sobre o bioma extremamente ameaçado.

Em entrevista coletiva on-line, Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica; Flávio Ponzini, coordenador técnico do estudo pelo INPE; e Mario Mantovani, diretor de Mobilização da ONG ambientalista, mostraram os dados de oito estados pesquisados (Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo), que somam 79.515.743 hectares, correspondendo a 60% da área do bioma. “O Atlas é fruto de um amplo trabalho, sistematicamente atualizado há duas décadas, que conta com o envolvimento de muitas instituições e pessoas que participam e colaboram na sua realização, para que o país e a sociedade tenham mais subsídios para atuar em favor da proteção deste bioma, que é Patrimônio Nacional”, observa Márcia Hirota. “Os dados e mapas são disponibilizados gratuitamente no portal www.sosma.org.br e todo cidadão tem a chance de checar como está a situação da Mata Atlântica no seu município com apenas alguns cliques”.

De acordo com o que foi mapeado até agora, a Mata Atlântica está reduzida a 6,98% de sua cobertura original. Em 2000, este índice era de 7,1%. O Atlas mostra a situação estado a estado, levando em conta três classes de mapeamento: florestas, restingas e mangue. Do total de 95.066 hectares de desflorestamento detectados na Mata Atlântica no período de 2000a 2005, 73.561 hectares ou 77% do total de remanescentes suprimidos estão concentrados em Santa Catarina e Paraná. Dentre os oito estados pesquisados, Goiás foi o que mais devastou a Mata Atlântica percentualmente (7,94%), seguido por Mato Grosso do Sul (2,84%), Santa Catarina (2,03%), Paraná (1,34%), Rio Grande do Sul (0,30%), São Paulo (0,19%), Espírito Santo (0,16%) e Rio de Janeiro (0,08%).

Histórico

Desenvolvidos pelo INPE e Fundação SOS Mata Atlântica, os "Atlas dos remanescentes florestais e ecossistemas associados do bioma Mata Atlântica” foram produzidos nos períodos de 1985-1990, 1990-1995, 1995-2000, 2000-2005 e representam um grande avanço na compreensão da situação em que se encontra a Mata Atlântica em 10 dos 17 estados abrangidos pelo bioma.

O último levantamento mostra que comparando os desmatamentos identificados nos intervalos de 1995-2000 e 2000-2005, houve diminuição de 71% no ritmo de desflorestamento.

Os trabalhos de pesquisa do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica para o período de 2000 a 2005 continuam e os resultados e, quando estiver concluída, esta edição do estudo contemplará 10 estados, perfazendo 94% do total. As bases dos Estados de Minas Gerais e Bahia deverão ser avaliadas nos próximos meses uma vez que a atualização depende de imagens de satélite livres da cobertura de nuvens.

O primeiro mapeamento do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, publicado em 1990 pela Fundação e o INPE, com a participação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), teve o mérito de ser um trabalho inédito sobre a área original e a distribuição espacial dos remanescentes florestais da Mata Atlântica.

Em 1991, a SOS Mata Atlântica e o INPE deram início a um mapeamento mais detalhado, em escala 1:250.000, analisando a ação humana sobre os remanescentes florestais e nas vegetações de mangue e de restinga entre 1985 a 1990. Publicado em 1992/93, o trabalho avaliou a situação da Mata Atlântica nos dez Estados - Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - que apresentavam a maior concentração de áreas preservadas.

Um novo lançamento ocorreu em 1998, desta vez cobrindo o período de 1990-1995, com a digitalização dos limites das fisionomias vegetais da Mata Atlântica e de algumas Unidades de Conservação federais e estaduais, elaborada em parceria com o Instituto Socioambiental, e incluindo maior precisão na verificação dos remanescentes florestais devido a aprimoramentos metodológicos no processamento das imagens de satélite.

Desenvolvido com técnicas de interpretação visual de imagens de satélite, levantamentos de campo e sobrevôos, o trabalho vem, ao longo dos anos, apropriando-se dos benefícios da tecnologia de informação, especialmente das áreas de sensoriamento remoto e de geoprocessamento.

Entre o período de 1995-2000, os resultados revelaram novamente a situação da Mata Atlântica em 10 dos 17 estados - a totalidade das áreas do bioma Mata Atlântica de Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e áreas parciais da Bahia - que abrangeram nesta etapa 1.185.000 km2, ou seja, 94% da área total do Bioma Mata Atlântica.

As bases temáticas geradas anteriormente também foram georreferenciadas, reinterpretadas e utilizadas como fundamento para a geração de uma nova base, ainda referente ao período 1990-1995, mas incluindo dados na escala 1:50.000. Com isso, foi possível elaborar a análise da evolução da Mata Atlântica no período 1995-2000.

Em 2005, a Fundação SOS Mata Atlântica e o INPE deram início à atualização do Atlas para avaliar a dinâmica dos remanescentes florestais, de mangue e de restinga ocorrida no período 2000 e 2005. Nessa nova versão foram aprimorados aspectos relacionados ao georreferenciamento das bases temáticas geradas, bem como na identificação dos remanescentes procurando minimizar erros de interpretação.

Várias são as iniciativas associadas ao Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Uma delas é a inserção de novas bases, tais como a dos limites municipais e das Unidades de Conservação, além das áreas prioritárias para conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e das formações vegetais, definido pelo artigo 3º do Decreto Federal 750/93 e com base no Mapa de Vegetação do Brasil do IBGE, na escala 1:5.000.000.

Esta quarta edição, do período 2000 a 2005, conta com a execução técnica da Arcplan e patrocínio do Bradesco e co-patrocínio da Colgate-Palmolive/Sorriso Herbal.


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