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Equipe do INPE acompanha Buraco de Ozônio no Chile

por INPE
Publicado: Out 19, 2005
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São José dos Campos-SP, 19 de outubro de 2005

Uma redução de aproximadamente 50% da camada de ozônio foi observada pela equipe do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, que acompanha, em Punta Arenas, no Chile, o fenômeno do Buraco de Ozônio.

Segundo a Dra. Neusa Paes Leme, coordenadora da equipe e responsável pela sondagem, foi registrada uma concentração de 160 Unidades Dobson (UD) no dia de concentração mínima - 07 de outubro. O valor de referência para a camada normal é de 340 UD. Considera-se a ocorrência do Buraco de Ozônio quando a camada atinge valores menores do que 220 UD.

Esse nível de diminuição não era verificado na região desde 1995. Com relação à radiação UV-B, foi registrado índice 5 para um dia parcialmente nublado, o que é considerado alto para a região, representando elevação de 120% em relação ao que seria observado em condições normais.

O Buraco de Ozônio é um fenômeno sazonal. As condições para a sua formação se verificam principalmente na Antártica, em alguns meses do ano, entre agosto e início de novembro (na primavera).

Em novembro, quando as temperaturas já estão mais altas, enfraquecendo o vórtice polar, a região que apresentava baixo nível de ozônio - por isso denominada "Buraco de Ozônio" - consegue interagir com as regiões vizinhas, havendo um deslocamento de ar rico em ozônio para dentro da região do "Buraco", propiciando o retorno aos níveis e condições normais (veja texto abaixo).

Esta semana será feita uma nova medição, com a camada já em estado normal e com alto ozônio. A equipe aguarda o retorno do fenômeno do Buraco de Ozônio para o final da próxima semana."Este ano o Buraco está bastante intenso e o objetivo maior do nosso trabalho é analisar os efeitos secundários desse fenômeno, como as influências em regiões localizadas em latitudes menores", explica Dra. Neusa, que está em Punta Arenas desde 26 de setembro, devendo retornar no início de novembro.

Os pesquisadores realizam medições com a ajuda de sondas lançadas em balões, que registram os níveis de ozônio e radiação UV-B, a temperatura, os ventos, a umidade e a pressão. As ações integram o projeto de Ozônio e Radiação UV-B na Antártica, coordenado pelo Dr. Volker Kirchhoff e financiado pelo PROANTAR/CNPq/MMA e INPE.

Durante a primeira ocorrência do Buraco de Ozônio este ano sobre a região, foram realizados 13 lançamentos de sondas. Os instrumentos de superfície utilizados pertencem ao Laboratório de Ozono e RUV da Universidad de Magallanes, coordenado pelo Dr. Cláudio Casiccia. Esta é a quarta campanha do INPE em Punta Arenas, para medição dos níveis de Ozônio. As anteriores ocorreram em 1995, 1997 e 2001.

Saiba mais sobre o Buraco de Ozônio

O Buraco de Ozônio é um fenômeno típico da Antártica, pois são necessárias algumas condições básicas para que ele se forme - temperaturas muito baixas, períodos sem luz para que nuvens estratosféricas sejam formadas concentrando núcleos congelados de moléculas de cloro e outros CFCs (clorofluorcarbonetos), e circulação atmosférica bem fechada, que chamamos de "vórtex". Todas essas condições se verificam durante o inverno na Antártica.

Quando a luz começa a chegar ao Pólo Sul, na primavera, a radiação ultravioleta dispara um processo químico formando o ozônio e liberando os CFCs, especialmente o cloro, das nuvens estratosféricas. Inicia-se então um processo de formação e perda do ozônio.

O cloro vive mais que o ozônio e uma molécula de Cl pode destruir milhares de moléculas de ozônio. Então, o processo de destruição é mais eficiente. Com a circulação atmosférica fechada, a interação da região de pouco ozônio com a região mais rica em ozônio é dificultada, favorecendo o crescimento da área com pouco ozônio, que chamamos de "Buraco".

Essa região vai crescendo até encontrar temperaturas mais altas e o vórtex enfraquecer. Inicia-se então a troca de ar entre as regiões. É isto o que ocorre quando o Buraco encontra as temperaturas mais elevadas da América do Sul, ou quando as temperaturas na Antártica aumentam no final de outubro e início de novembro. Isto explica porque o Buraco aparece na primavera e se recupera no início do verão.

No Ártico são raras as vezes em que o Buraco aparece e, mesmo assim, rapidamente. O Ártico é mais quente e sua circulação atmosférica não é fechada como ocorre na Antártica. Apenas em anos de inverno muito frio o fenômeno foi verificado, em 1999, 2001 e 2003.

Atualmente a comunidade científica está mais atenta para acompanhar qual é a interação do Buraco de Ozônio com o Efeito Estufa.

Pesquisadores preparam lançamento de sonda para medição do nível de ozônio.

Balão leva sonda de medição do nível de ozônio, em Punta Arenas, no Chile.


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