Histórico
O Brasil no Espaço

Brasil, país continente de 8 milhões e meio de quilômetros quadrados. Terra fértil, com muitas riquezas no subsolo. Em nossa área continental, um imenso potencial energético de fontes renováveis, uma fantástica biodiversidade que precisa ser estudada e protegida. Foi pensando em descobrir e integrar este vasto território, aprender a aproveitar com mais racionalidade seus recursos naturais e poder garantir uma qualidade de vida melhor para sua população que o Brasil resolveu ir ao espaço.


10 Anos do SCD-1

No dia 9 de fevereiro de 2003, completa 10 anos em órbita o primeiro satélite artificial totalmente projetado, construído, testado e operado no Brasil: o Satélite de Coleta de Dados 1 – SCD-l.

Projetado para uma vida útil de 1 ano, o SCD-l, após este longo tempo em órbita, continua em operação. Projeto de reconhecido sucesso, o SCD-1 é um tributo à competência da engenharia espacial brasileira.

 

O INPE

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, do Ministério da Ciência e Tecnologia, tem como missão ser o centro de excelência nacional em Ciência e Tecnologia na área espacial, buscando maximizar retornos à sociedade brasileira em termos de produtos e serviços, qualificação do parque industrial e difusão de conhecimentos. Há mais de 40 anos desenvolvendo atividades de pesquisa e desenvolvimento na área espacial, com estudos que vão desde o desflorestamento de nossas matas até às origens do universo, o INPE é, hoje, uma referência nacional em Sensoriamento Remoto, Meteorologia, Ciência Espacial e Engenharia e Tecnologia Espaciais. Tem sido, também, um importante vetor de modernização de nossas indústrias.

Com um quadro de mais de 1000 servidores, o INPE tem sede em São José dos Campos. Para apoiar suas operações, mantém, também, instalações em Cachoeira Paulista, Atibaia, Cuiabá, Natal, Fortaleza, Santa Maria e Alcântara. Em Alcântara, o INPE opera uma estação terrena dentro da Base de Lançamento de Veículos Espaciais do Comando da Aeronáutica do Ministério da Defesa.

Para atender às demandas da sociedade na área de equipamentos espaciais, o INPE possui uma Coordenadoria de Engenharia e Tecnologia Espacial que desenvolve sistemas para missões espaciais. O SCD l foi o primeiro projeto de satélite do INPE.

 

O SCD-1

Em 1979, foi aprovada pelo governo federal a Missão Espacial Completa Brasileira - MECB. Consistia no projeto e desenvolvimento de 4 satélites artificiais, do veículo lançador e de toda a infraestrutura de solo, onde se inclui uma base de lançamentos. Coube ao INPE a responsabilidade pelo desenvolvimento dos 4 satélites, sendo dois de coleta de dados e dois de sensoriamento remoto, bem como pela infraestrutura de solo para sua operação em órbita.

O primeiro satélite, chamado de SCD-1, é um satélite de coleta de dados, com 115 kg. Foi totalmente projetado, desenvolvido e integrado pelo INPE, com importante participação da indústria nacional. Para seu desenvolvimento, o INPE investiu fortemente em laboratórios modernos e no desenvolvimento de seus recursos humanos.

O Laboratório de Integração e Testes -- LIT foi especialmente projetado e construído para atender às necessidades da MECB. Dotado das mais avançadas tecnologias para testes e integração de sistemas espaciais, o LIT é considerado um dos mais avançados complexos de laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia espacial do hemisfério sul. No LIT foi integrado e testado o SCD-1.

 

O Lançamento

São José dos Campos, 14 de novembro de 1992. Começa a campanha de lançamento do SCD-1.

Nosso primeiro satélite é cuidadosamente colocado em um container especial, a prova de umidade e de impactos, para ser transportado em um avião da Força Aérea Brasileira para os EUA. Dois dias depois, o SCD-1 chega à base de Edwards, na Califórnia. Tem início a fase de testes de simulação do lançamento, com o satélite acoplado à ogiva do foguete Pegasus, um veículo lançador desenvolvido pela Orbital Sciences Corporation dos EUA.

7 de fevereiro de 1993

Transportado sob a asa de um avião B52 da Nasa, o Pegasus com o SCD-1 na ogiva atravessa os EUA de costa a costa e chega ao Centro Espacial Kennedy na Flórida. Após quase três meses de uma ansiosa espera, finalmente, está tudo pronto para o lançamento do SCD-1.

Manhã de 9 de fevereiro de 1993. 10 horas e 15 minutos, hora de Brasília.

O avião B52 da NASA decola do Kennedy Space Centre levando o Pegasus com o SCD-1.

A operação de lançamento é comandada a partir do centro de controle de Wallops, no estado de Virgínia, costa leste dos EUA. 1 hora e 15 minutos depois da decolagem, a 83 km da costa da Flórida e a 13 km de altitude, o Pegasus é liberado da asa do B52. Como havia sido previsto, o foguete cai em queda livre por 5 segundos, antes de acionar seus motores em direção ao espaço. Poucos minutos depois, precisamente às 11 horas e 41 minutos, hora de Brasília, o SCD-1 é colocado em órbita da terra, a uma altitude de 750 km. Tudo transcorreu de acordo com o previsto. Os engenheiros que acompanham o lançamento a partir do Centro de Controle de Wallops e do Centro de Rastreio e Controle do INPE, com operações em São José dos Campos, Cuiabá e Alcântara, conferem com grande satisfação e orgulho o sucesso do início da operação e do lançamento. A satisfação é maior ainda quando, logo após a entrada em órbita, os primeiros sinais do SCD-1 são captados pela Estação Terrena de Alcântara no Maranhão.

 

A missão do SCD-1

O início da operação em órbita do SCD-1 marcou, também, o início de operação do Sistema de Coleta de Dados Brasileiro, que consiste de uma rede de satélites em órbita baixa que retransmitem a um centro de missão os dados ambientais recebidos de um grande número de plataformas de coleta de dados espalhadas pelo território nacional. O centro de missão, por sua vez, distribui estes dados a diversas instituições no Brasil e no exterior.

As plataformas de coleta de dados são equipamentos automáticos, dispondo de sensores eletrônicos para a medição de parâmetros ambientais tais como o nível de água em rios e represas, a qualidade da água, a precipitação pluviométrica, a pressão atmosférica, a intensidade da radiação solar, a temperatura do ar, entre outros.

O satélite capta e retransmite os sinais das plataformas para a estação de recepção e processamento de Cuiabá. De lá, os dados coletados pelo satélite são transmitidos para Cachoeira Paulista, onde ficam à disposição de mais de 80 empresas e instituições, hoje usuárias do sistema. Voando a uma velocidade de 27.000 km por hora, o SCD-1 leva aproximadamente 1 hora e 40 minutos para completar uma volta em torno da terra. A estação de Cuiabá recebe várias vezes por dia os dados transmitidos por cada plataforma.

O Sistema de Coleta de Dados conta, atualmente, com uma rede de mais de 500 plataformas e vem, nos últimos dez anos, ininterruptamente, prestando serviços à sociedade, através do monitoramento de parâmetros ambientais nas regiões mais remotas do território brasileiro. Os dados obtidos são fundamentais em diversas aplicações, entre elas as previsões diárias do tempo, a previsão de clima e o monitoramento do nível de água em nossos rios e represas.

Além do pioneiro SCD-1, integram hoje o sistema de coleta de dados os satélites SCD-2 e o CBERS-1.

 

O Centro de Rastreio e Controle

O Centro de Rastreio e Controle de Satélites do INPE é constituído pelo Centro de Controle de Satélites – CCS, em São José dos Campos, SP, e por estações terrenas em Cuiabá, MT, e em Alcântara, MA. O CCS constitui-se no cérebro da operação das missões espaciais do INPE. Sua função principal é garantir o bom desempenho do satélite, desde o momento em que este se separa do veículo lançador até o final de sua vida útil. Os computadores do CCS são capazes de monitorar e controlar o satélite, reconfigurar seus instrumentos de bordo e executar manobras de atitude, tudo seguindo um meticuloso plano de operações de vôo. Os telecomandos gerados pelo CCS são transmitidos aos satélites pelas Estações Terrenas de Cuiabá e Alcântara. As informações acerca do estado dos equipamentos de bordo, bem como sobre a posição do satélite no espaço, são recebidas pelas Estações Terrenas e retransmitidas ao CCS. As Estações Terrenas efetuam, ainda, as medidas que permitem determinar a órbita atual do satélite.


O lançamento do SCD-1 marcou a entrada definitiva do Brasil nos domínios da tecnologia espacial. Representou a concretização de um antigo sonho, que abre novos caminhos para a sociedade brasileira e novas possibilidades de intercâmbio e colaboração com outros países.