II Workshop de ArtSat do INPE/2021
UM PROJETO SACI-E/INPE
https://sacieartscience.wordpress.com/
Venha para o II workshop de ArtSat do INPE!
É um evento de Arte e Cultura Espacial que acontece desde 2020 no INPE. Em 2021 o Workshop oferece 4 possibilidades: 1) Aulas técnicas de construção de Satélites artísticos; 2) Debates sobre Arte e Cultura Espacial; 3) Mostra de curtas de ficção científica; 4) Álbum "Sonoridades Cósmicas Latino-Americanas".
Para ler na íntegra a Convocatória para a Mostra de Curtas de Ficção científica - aqui
Para ler na íntegra a Convocatória do Álbum de Composições Sonoras Espaciais - aqui
O que é um ArtSat?
ArtSat é a abreviação de Arte de Satélites. É um artefato que combina técnicas da engenharia de satélites de pequeno porte com as técnicas das artes visuais, sonoras, multimídia, entre outras. A qualidade de um ArtSat está relacionada ao uso que se dá à carga útil do satélite, mas também à sua materialidade, à natureza dos seus componentes e sua forma. Para além dos requisitos próprios da engenharia espacial, as características de um ArtSat se manifestam também em seus atributos poéticos, simbólicos e ficcionais. Um ArtSat é a materialização de uma "linguagem híbrida" que articula a tecnociência com a dimensão sensível e imaginária no mesmo objeto.
II Workshop de ArtSat do INPE é voltado para a América Latina
Se o primeiro Workshop/2020 se concentrou mais no público brasileiro, o segundo tem interesse em se aproximar do público latino americano. A razão é clara: Partilhamos interesses e dificuldades parecidas. A tecnologia dos pequenos satélites democratizou o uso das órbitas baixas para países periféricos que não tinham condições de competir na produção de grandes satélites. Isso não quer dizer que os países da América do Sul não tenham satélites de grande porte no Espaço, mas sim, que esses exigem equipes maiores e demandam maior financiamento, o que dificulta sua produção. Os nanosatélites favorecem a construção da autonomia espacial, pois os países periféricos não ficam dependendo exclusivamente da produção estrangeira. Isso facilita a pesquisa, promove mais acesso, envolve mais pesquisadores e divulga a ciência e tecnologia produzida em nosso território. Não é à toa que cresceu nos últimos anos o envolvimento de universidades, escolas, instituições e empresas da América Latina nessa área, isso deve-se à acessibilidade e barateamento de recursos.
Mas onde entra o ArtSat nisso?
O ArtSat é uma forma de aproximar as tecnologias das artes visuais/sonoras/multimídias, entre outras, com as da Engenharia de Satélites, o que chamamos de "linguagem híbrida". Queremos colaborar para o desenvolvimento dessa linguagem, porque ela potencializa múltiplos conhecimentos, que fogem dos seus campos específicos, não se reduzindo a acoplagem de dois sistemas de saberes, mas ao juntar-se fazem esses sistemas proliferar, criando um jogo interativo que ativa suas propriedades de forma extensiva. Isso nos permite ampliar o panorama sobre a nova Corrida Espacial que desponta na contemporaneidade, e nos incita a construir um lugar próprio para a ocupação espacial. Ou seja, nos permite criar ferramentas concretas de ação para lidarmos com os grandes problemas do nosso tempo relacionados ao ambiente terrestre, atmosférico e espacial, sem, contudo, abandonarmos a produção simbólica e imaginária, as visões ficcionais, futuristas e especulativas, que são geradoras das novas utopias.
Investimento sócio-tecnológico na cultura espacial regional
Os Workshops de ArtSat dirigidos à América Latina é um investimento sócio-tecnológico na Cultura Espacial regional, que busca sobretudo aproximar os interesses comuns de vários grupos dos diferentes países a fim de fomentar a produção de uma arte-ciência espacial singular, que não se submeta indiscriminadamente aos discursos polarizadores dos grandes programas espaciais, ou dos grandes programas de Arte e Ciência, que centralizam recursos financeiros e midiáticos ofuscando as iniciativas dos países em desenvolvimento.
A ideia é fomentar a articulação de perspectivas que gerem mais autonomia, que por sua vez possam contribuir para um melhor posicionamento da América Latina nos embates da nova corrida espacial, cujo foco mais evidente é a comercialização de recursos minerais da Lua, Marte e asteróides, assim como o turismo espacial, o domínio de rotas específicas no sistema solar e a formação das primeiras colônias. Logicamente, é neste contexto que se engendram as alianças entre países da América do Sul com outros programas, porque aí estão os grandes investimentos. Mas a liberdade poética da arte nos possibilita criar outras visões, outros futuros, que estimulam tanto a produção cultural e ficcional assim como a tecnológica, para assegurar uma maior diversidade dos projetos espaciais.
Onde isso pode nos levar?
A NASA desde o seu início soube articular suas produções tecnológicas com a produção estética, gerando com isso narrativas espetaculares que de certa forma determinaram uma cultura espacial para o ocidente e garantiram recursos financeiros para seus projetos. Não dá para pensar na Corrida da Lua sem essa composição híbrida, que alimentou sonhos infantis estimulando a formação de gerações de astronautas e técnicos. As grandes narrativas, as mitologias fantásticas produzidas a partir da performance de sondas, satélites, foguetes, descobertas astronômicas, telescópios, chegada a Lua, só foram possíveis a partir das parcerias com plataformas artísticas, cinematográficas, de sonificação, de design, de publicidade e assim por diante, que determinantemente ajudaram a construir o imaginário espacial ocidental e em específico, o imaginário latino americano. Hoje em dia assistimos uma descentralização de narrativas, com a entrada de corporações, empresas, multimilionários e a chegada alucinante da Ásia na nova Corrida Espacial, com a China tomando a nova liderança. Isso representa uma nova oportunidade para que emerjam perspectivas diferentes, novas mitologias, diversidade de utopias e distopias sobre as novas colonizações ou sobre o futuro da Terra e dos seus povos, pois cada um desses programas, governamentais, privados ou mesclados trazem consigo seus conjuntos de crenças, valores, missões, filosofias e tecnologias. Nossa questão é: Como seria se a América Latina tivesse um plano de ocupação espacial que abrigasse suas diversas culturas e perspectivas? Como seria esse plano? Temos condições de criarmos com liberdade projetos espaciais a partir da diversidade do nosso território?
A América Latina precisa desenvolver pesquisa, produção tecnocientífica e uma arte/cultura espacial própria
Se adentrarmos nessa nova Corrida Espacial trazendo com liberdade uma cultura espacial latina, tropical, produzindo a tecnodiversidade perspectivista equatorial, não estaremos contribuindo mais eficazmente com a comunidade internacional? Ou seja, há componentes discursivos e tecnológicos que são únicos e intransferíveis desde seu valor local, que podem ser de grande valor para o mundo. Há, porém, que se criar condições propícias para que essas características apareçam. A América Latina precisa desenvolver pesquisa, produção tecnocientífica e uma arte/cultura espacial singular, que dê conta de sua condição geopolítica, sua condição de países emergentes, indigenizados, africanizados, miscigenados, ser capaz de uma produção tecnológica e cultural.
Missão do II Workshop de ArtSat
Os Workshops de ArtSat do INPE tem como missão, incentivar a tecnodiversidade, investindo na pesquisa e na acessibilidade do fazer tecnológico e científico, assim como do pensamento filosófico, cultural e político dos seus participantes, a fim de fomentar a produção local, atrelada à expressão artística. Isso representa um avanço para o pensamento e a produção da arte-ciência latino americana. O objetivo dos workshops de ArtSat é ensinar a tecnologia de construção de pequenos satélites e entender o lugar que ocupa ou deveria ocupar os países da América Latina na nova corrida espacial, a partir da perspectiva cultural e artística.
Como funciona o II Workshop de ArtSat do INPE
Dá para se inscrever no curso de ArtSat, dividido em aulas técnicas de criação de nanosatélites e aulas teóricas (debates) sobre Arte e Cultura Espacial. Pode-se ainda se inscrever nas mostras seletivas de vídeos de ficção científica e/ou composição sonora espacial. Abaixo são explicadas cada uma das modalidades:
- Montando um ArtSat - 10 aulas práticas para aprender a fazer um nanosatélite artístico, ou seja, um ArtSat, formato CubeSat, que junta técnicas da engenharia de satélites e técnicas das artes visuais, sonoras, multimídia, entre outras. Será realizado somente para inscritos no II Workshop de ArtSat. Todos os participantes dessa oficina deverão também assistir os debates. Com Lázaro Camargo (PGETE/INPE). Inscrição aqui: https://forms.gle/Z1mJDazK6GhmHTPF7
- Debates de arte/cultura espacial / perspectivas cosmopoéticas - 10 debates teóricos sobre Arte e Cultura Espacial desde a perspectiva da América Latina. Os debates se concentram em apresentações de artistas, curadores, produtores de eventos de Arte e Cultura Espacial, para que falem sobre seus processos de criação, suas empreitadas espaciais e suas visões sobre o papel da América Latina na nova Corrida Espacial. Com Fabiane M. Borges e convidados (SACI-E/INPE) - Inscrição aqui: https://forms.gle/kSqBkoRuEau7ybg57
- Curtas de ficção científica - Mostra seletiva para filmes (de 3 até 7 minutos) de ficção científica sobre o papel (atitude/comportamento) de países da América Latina na nova Corrida Espacial. Que propostas fariam mediante as novas colônias? Que atitude teriam em relação à mineração espacial? Como pensar numa cultura espacial gerada a partir da diversidade das várias regiões latino americanas, desértica, caribenha, indígena, negra, amazônica, desértica, miscigenada, latina? Que faria em relação aos câmbios climáticos, poluição atmosférica, ocupação espacial, turismo espacial, lixo espacial? Você pode vir com uma narrativa original que pode ter diversos formatos: animação, documentário, filme, vídeo, mesclado. Com Victoria Flório (UFES). Inscrição aqui: https://forms.gle/gKemyLeJQPk3rgR38
- Álbum de composições sonoras espaciais - Inscrição para a seleção de composições sonoras para o álbum "Sonoridades Cósmicas Latino-Americana". O álbum pretende reunir composições sonoras espaciais que deverão ser criadas a partir do uso ou de dados produzidos por artefatos espaciais da América do Sul, como satélites, sondas, antenas, telescópios, sensoriamento remoto ou outro equipamento de qualquer país sul americano (com duração de 3 até 7 minutos) ou que tenham a poética ou o conceito da criação em torno do papel do continente Sul Americano na nova Corrida Espacial. Isso inclui quesitos relacionados a mudanças climáticas, poluição atmosférica e ocupação espacial. Com Pitter Rocha. Inscrição aqui: https://forms.gle/mx4mFNbRNxss1WUe8